LASCOL

LABORATÓRIO DE SAÚDE COLETIVA

“Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso.” Fernando Pessoa.

A construção de um país se faz na luta de diferentes sujeitos, grupos e interesses. O Sistema Único de Saúde (SUS) expressa a luta pela democracia, cidadania e mais vida para todos os brasileiros e brasileiras e vem sendo forjado por muitos atores sociais, tendo o campo da Saúde Coletiva papel relevante neste processo.

Decorridos mais de três décadas desde sua criação, na Constituição Federal de 1988, podemos afirmar que o SUS ainda é uma política pública (de Estado) em construção, pautada em princípios – a saúde como direito universal, integral e equânime, e como dever do Estado – que apontam para a possibilidade de vivermos em um país que valorize a cidadania, e que seja mais saudável, justo e solidário.

Os avanços do SUS são inquestionáveis, tanto no que diz respeito a ampliação do acesso, impacto sobre indicadores, legitimação social e reconhecimento internacional. Contudo, para além de seus desafios, inerentes à complexidade da realidade brasileira, urge lidar com impasses que são fruto das contradições e de diferentes projetos em disputa na sociedade.

Afinal, o SUS trás em seu bojo as pautas de muitas lutas específicas, identitárias, plurais, de diferentes grupos, em todos os espaços do nosso vasto, diverso e desigual território brasileiro. Diversidade desafiadora para a garantia da universalidade, integralidade e equidade e que impõe o desafio de cuidar de todos valorizando e considerando as nossas muitas diferenças.

Políticas implementadas nas últimas décadas explicitam o acúmulo da produção coletiva para o cuidado voltado às várias populações: mulheres, negros, índios, LGBTT, idosos, pessoas com deficiências, usuários de drogas, pessoas com sofrimento psíquico, trabalhadores... uma inumerável gama de situações que tem demandado produções específicas dentro do SUS. Políticas sempre em movimento, que necessitam de permanente reflexão em sua construção. E que agora estão em risco. Em tempos de conservadorismos e quebra do Estado Democrático de Direito que estamos vivendo, é o próprio SUS, enquanto política pública, universal e gratuita, que está em risco.

Sentimo-nos instigados a contribuir para o fortalecimento de espaços plurais de resistência ao desmanche das políticas públicas e do próprio SUS. Denunciar, monitorar, propor, resistir, produzir conhecimentos, inovar e apoiar o fortalecimento destas políticas coloca-se para nós como uma agenda central.

Estamos abertos à articulação com outros coletivos dispostos a desenvolver novas estratégias e a reforçar as já em curso, dentro e fora da universidade, e com diferentes setores da sociedade, em defesa do SUS como direito social e dever do Estado, da democracia, da cidadania e a produção de mais vida.

Somos um coletivo que busca formas de exercer o seu compromisso social – explicitamente um compromisso ético-político - a partir do lema: “Ninguém larga a mão de ninguém!”, totalmente engajado com a defesa e aprimoramento do SUS e de políticas intersetoriais que possam incidir sobre os determinantes sociais do processo saúde-doença, a partir de uma visão ampliada de saúde. 

Ensino, pesquisa e extensão destinados à produção de uma nova sociedade,  a serviço de um Brasil e um mundo mais justo, plural, saudável e solidário. Para isto (e por isso) é que nós, que formamos o coletivo de docentes e TAE da Área de Política, Planejamento e Gestão, do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina (EPM) da Unifesp, estamos construindo o Laboratório de Saúde Coletiva – LASCOL, um espaço coletivo destinado ao ensino, a pesquisa e a extensão, composto por docentes, técnicos, alunos de graduação e pós-graduação, pesquisadores, trabalhadores e gestores do SUS, conselheiros de saúde e lideranças e militantes do movimento social, para a defesa da saúde e da vida!

Pretendemos, ao mesmo tempo e com a mesma importância, constituirmo-nos como um coletivo disposto a produzir e valorizar relações de afeto, marcadas pela sinceridade, leveza, amorosidade e capacidade de escuta.


“A prática da felicidade torna-se

subversiva quando ela é coletiva”.

Revolução molecular – F. Guattar